quinta-feira, 28 de março de 2013

Salvador para além do Carnaval


Em todo Brasil Salvador é sinônimo de festa graças à transformação do carnaval num produto de sucesso. Sua comercialização durante todo o ano Brail afora através das micaretas, comandadas pelas bandas de axé e pagode da Bahia, reforça essa imagem, que se transforma em estereótipo. No imaginário dos demais brasileiros Salvador aparece como uma Las Vegas tupiniquin, onde todos os dias as pessoas não fazem mais do que se divertir.
Tendo sua imagem associada apenas ao carnaval, as pessoas são apresentadas às localidades da cidade onde acontece a festa, os bairros da Barra, Ondina, Campo Grande, e Pelourinho. Na cabeça de quem nunca veio a Salvador, fica parecendo que a cidade restringe-se a esse quadro geográfico. Falar de Salvador fora da Bahia é falar desses lugares e sobre carnaval, axé e pagode. Além disso, vendem-se, durante o restante do ano, festas que na verdade são mini-carnavais, os chamados Ensaios que acontecem nas principais casas de shows de Salvador. Nos Ensaios uma banda anfitriã recebe outras bandas e artistas com os quais divide o palco agitando a multidão até o amanhecer.
Salvador é mais que esse produto chamado carnaval, possui mais sons que o axé, o pagode e o arrocha, possui muito mais lugares que Pelourinho, Barra, Ondina e Campo Grande. Por isso resolvi fazer esse post divulgando o documentário Hip Hop na Onça - Nos Palcos da Vida que mostra a produção cultural feita pelos moradores do bairro Sussuarana aqui em Salvador. 




         
        Além do Hip Hop, na periferia soteropolitana também está presente o jazz. O Cajazz : Arte e Cultura na Periferia acontece sempre na última quarta-feira de cada mês na praça de Cajazeiras V, sendo realizado pelo JACA (Juventudo Ativista de Cajazeiras) em conjunto com músicos que moram em Cajazeiras. O JACA explica melhor do que se trata o Cajazz: 


É o seguinte...

Nós do JACA (Juventude Ativista de Cajazeiras) acreditamos que através de debates, oficinas, intervenções políticas e artísticas podemos incentivar uma compreensão crítica da realidade! Bem como incentivar o protagonismo de cada um de nós, moradores do bairro de Cajazeiras e adjacências (e também os que se propõem uma transformação crítica da realidade social), frente à transformação do espaço da periferia, e, quem sabe, da cidade como um todo.
Esse é um vídeo de divulgação do "Cajazz: arte e cultura na periferia", é uma realização do JACA (Juventude Ativista de Cajazeiras) em conjunto com o estúdio Casa Laranja. O Cajazz é um projeto político e cultural de caráter afirmativo, feito da periferia para a periferia.
Assistam, divulguem, e compareçam!

JACA



quarta-feira, 13 de março de 2013

O lado mais sombrio de A Hora mais Escura (Zero Dark Thirty)




Em 2012 Hollywood produziu dois filmes cujo tema é a política externa dos Estados Unidos e o papel desempenhado pela CIA nesses assuntos. Aos mais desconfiados, coloco-me entre eles, pode parecer que o propósito dos dois filmes seja justificar os métodos investigativos utilizados pela CIA com o suposto objetivo de defender a nação, neste caso os EUA, dos terroristas. Este é um traço marcante em Zero Dark Thirty (A Hora mais Escura), a ideia de que os EUA são alvo de todos os terroristas do mundo, vítimas dos fundamentalistas do Oriente Médio. Não há como negar o maniqueísmo presente no filme, em nenhum momento as ações praticadas pelos militares e agentes norte americanos são colocadas em dúvida, mesmo quanto à prática da tortura, sempre são os mocinhos norte americanos contra os bandidos do oriente médio.


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Ao construir uma história em que os americanos são os mocinhos e os mulçumanos, comandados por Osama Bin Laden, são os bandidos, Kathryn Bigelow deixa de fazer um filme político, no sentido de expor fatos que trazem à luz o modo como a CIA conduz suas investigações, para fazer mera propaganda pró-EUA, como acreditam ter feito o filme alguns críticos. A reprodução dessa estrutura tão comum aos simplórios filmes de ação tais como Rambo II e Rambo III, só pra ficar em exemplos mais conhecidos, joga por terra argumentos a favor do filme tais como o do colunista da Folha de São Paulo André Barcinski, que em sua coluna argumenta que as críticas sofridas pelo filme ao redor do mundo, inclusive dentro dos próprios EUA, que o acusam de apologista da tortura não tem fundamento. Segundo Barcinski, o fato do filme mostrar a “abominável prática da tortura” seria suficiente para fazer ruir tais críticas, uma vez que expõe o caráter desumano da tortura. Num dos trechos ironiza: “O que as pessoas queriam? Alguma cena em que um funcionário da CIA pedisse desculpas a um torturado? Algum torturador chorando de arrependimento? Isso seria, a meu ver, irreal e apelativo, e tiraria muito do poder de denúncia do filme”
Barcinski não entende que não há caráter de denúncia a ser tirado do filme, pois ela não existe. O filme simplesmente procura legitimar os métodos empregados pelos mocinhos, os americanos, a fim de combater o Mau, encarnado no Mundo Islâmico e propagado ao redor do mundo através de atos terroristas. Lembremos que em nome do Bem os EUA invadiram o Vietnam, em nome do Bem, da Democracia e da Paz, “conquistas” do Ocidente, liderado pelos EUA, foi o motivo usado por George W. Bush para invadir o Iraque e o Afeganistão. Por favor, onde está a denúncia? 
Barcinski diz que foi através da tortura que se alcançou uma informação relevante sobre o paradeiro de Bin Laden. Ora, seria muito bom se assim como é mostrado no filme apenas terroristas autênticos tivessem sido torturados. Contudo, as prisões militares norte-americanas ao redor do mundo estão cheias de prisioneiros, a maior parte suspeitos de serem terroristas, classificados como tal por se encaixarem no perfil inimigo. Quantas torturas os agentes da CIA não realizaram em pessoas inocentes? 
Insisto que a intenção do filme é dar um valor positivo a uma prática que em nossa sociedade possui um valor negativo. Sabemos que os valores morais de uma sociedade podem ser mudados, pois não são necessários, mas contingentes. Basta nos perguntarmos portanto se em alguma condição, a tortura pode ser um valor moralmente positivo, ou seja, bom. O filme mostra que é moralmente bom torturar pessoas se essas forem terroristas e se a tortura permitir que novos ataques sejam realizados. É disso que se trata A Hora Mais Escura. 
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Vamos tentar entender porque Zero Dark Thirty (A Hora mais Escura) não passa de mera propaganda ideológica, que procura legitimar as ações dos EUA praticadas no Oriente Médio, principalmente no Afeganistão e no Iraque, países ocupados pelas forças militares desse país. Logo no início do filme a diretora procura sensibilizar o público quanto à causa dos EUA. A tela está escura e ao fundo ouve-se a voz de uma mulher que pede socorro enquanto as Torres Gêmeas são consumidas pelas chamas. A primeira cena passa-se dois anos após os atentados do 11 de setembro. Em uma prisão secreta da CIA no Oriente Médio está ocorrendo uma sessão de brutal tortura com o objetivo de saber quando e onde ocorrerá o próximo ataque da Al Qaeda. Qual poderia ser a ligação entre essa cena e o áudio das vozes pedindo ajuda no World Trade Center? Não é nenhum delírio defender que essa sequencia inicial de cenas busca mostrar a necessidade de eliminar os líderes da Al Qaeda, pois trata-se da principal organização terrorista que ameaça a segurança dos EUA, portando do mundo, caso algo não seja feito. Isso porque esta rede terrorista é liderada pelo único homem que foi capaz de orquestrar um ataque ao país mais poderoso do mundo, até então jamais alvejado por uma nação estrangeira em seu próprio solo.
 Esse elemento persuasivo presente no início do filme certamente tem um efeito muito forte sobre o público americano. No acima citado colunista da Folha de São Paulo, muito longe de ser um americano, tal efeito foi instantâneo! Podemos perceber isso no seguinte trecho de seu texto que analisa o filme:
Explicando: no filme, são mostradas várias sessões de “waterboarding”, um método pavoroso de tortura por afogamento. Foi numa dessas sessões que os norte-americanos ouviram, pela primeira vez, o nome de um importante membro da Al Qaeda, que acabaria por levá-los a Bin Laden.
Os trechos em negrito mostram a força persuasiva do filme. É justamente esse o objetivo do filme, mostrar que a tortura, embora um método “pavoroso de tortura”, levou à resultados bons, pois permitiu chegar à membros da Al-Qaeda próximos à Bin Laden, além claro de no final da “missão” levar ao resultado principal: a morte de Osama Bin Laden. Se a estratégia funcionou com um brasileiro, imagina o impacto sobre a população dos EUA. Seguiremos mostrando
Rapidamente a tese tão cara aos republicanos (lembremos que os EUA estavam sobre o governo de George W. Bush) de que é preciso fazer o que for preciso a fim de proteger vidas americanas, inclusive lançar mão de meios hediondos como a tortura, recebe adesão dos espectadores. Temos então o primeiro passo no sentido de legitimar qualquer ação feita pelos EUA com o objetivo de salvaguardar seu povo e destruir o inimigo.
A partir daí temos uma torrente de argumentos grotescos que defendem os métodos empregados pelos americanos na luta contra o terror. O mais grotesco de todos ocorre ainda na primeira cena. Homens de preto auxiliam um agente da CIA a interrogar um preso, supostamente membro da Al Qaeda. Todos estão encapuzados a não ser o interrogador/torturador e a agente Maya que a certa distancia assiste ao interrogatório/tortura. Após uma sessão de punições, dentre elas o famigerado waterboarding, causadas pela falta de colaboração do prisioneiro, o interrogador/torturador se retira da sala, deixando a agente Maya a sós com o prisioneiro. Ao pedir ajuda à agente, o prisioneiro recebe a seguinte resposta: “Você pode se ajudar dizendo a verdade.” Surpreendente! Maya responsabiliza o prisioneiro pela tortura recebida, ou seja, o prisioneiro é culpado por estar sendo torturado. Nesse momento mostram-se as mãos limpas dos americanos quanto à tortura praticada em suas prisões, pois, basta dizer a verdade para que não haja tortura. Embora incomodada com a violência da tortura que presencia a agente Maya não questiona a prática em momento algum, são ossos do ofício, um mal necessário, um meio, que pode ser abominável e desumano, mas que levará a um fim, que consiste num bem mais elevado: a eliminação da causa de todo terror ao redor do mundo, Osama Bin Laden.
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A primeira sessão de tortura comandada pela agente mostra uma Maya mais fria, já adaptada a ter na tortura um instrumento eficaz na extração de informações dos prisioneiros. Ordena a execução dos castigos sem o menor vacilo, sua consciência moral está bem solidificada. Essa transformação do aspecto psicológico da personagem é importante na medida em que revela a compreensão da agente de que é preciso acabar com as ações terroristas, ocorrendo a todo instante ao redor do mundo, tendo nela e seus companheiros os únicos em condições de dar um fim à onda de terror deflagrada pela Al Qaeda com os atentados do 11/09.
Outro problema grave em Zero Dark Thirty (A Hora mais Escura) consiste na falta das datas em que se passam algumas cenas. Uma cena importante no filme refere-se a um momento em que os agentes da CIA estão conversando e ao fundo a tv transmite uma entrevista com Barack Obama. Não fica claro se era uma entrevista do Obama como presidente ou candidato que concorre ao seu primeiro mandato. No trecho da entrevista podemos ouvir Obama dizer o seguinte: “Já disse, repetidamente, que os EUA não torturam. E me certificarei de que não torturemos. Isso é parte de um esforço para reconquistar o prestígio moral dos EUA no mundo”.
Outro ponto forte do filme é o encontro marcado com um suposto informante infiltrado no alto escalão da Al Qaeda. O contato, supostamente um médico jordaniano, quer marcar um encontro com os agentes da CIA com o objetivo de fornecer informações sobre as próximas ações da Al Qaeda. Estranhamente a CIA aceita se encontrar com o medico em uma base militar americana localizada no Afeganistão. O veículo que transporta o informante, graças às solicitações insistentes da agente designada para o interrogatório, recebe permissão para entrar sem qualquer intervenção dos militares, quebrando os protocolos de segurança da base. Resultado: uma explosão que mata os agentes da CIA presentes e os militares americanos próximos ao veículo.
Esse fato chega aos ouvidos da agente Maya juntamente com a notícia de que uma pista que estava seguindo mostrou-se falsa. Maya fica profundamente abatida, contudo o efeito causado pelas notícias a levam a uma superação e a buscar forças para continuar sua missão. Isso fica claro quando um outro agente pergunta a ela o que irá fazer agora, com essas notícias caídas sobre sua cabeça. Maya então olha para seu interlocutor e tal qual um astro de filme de ação no momento em que decide vingar sua família diz a seguinte frase: “Vou encontrar todos os envolvidos nessa operação e depois irei matar Osama Bin Laden!”. Deparamo-nos com algo mais que solidificado no imaginário americano: a imagem do herói que chama para si a responsabilidade de salvar, literalmente, a pátria. O Justiceiro Solitário, imagem que reforça a importância superior do indivíduo sobre o grupo, ideia tão cara à politica neo-liberal dos EUA. Juntamente com a imagem de sofrimento das pessoas presas nas Torres Gêmeas que ao telefone pedem socorro, temos agora outra imagem usada para sensibilizar o público.
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Outra fala importante de Maya ocorre no momento em que ela percebe haver uma falha referente a morte de um alvo, potencialmente uma chave para encontrar Bin Laden. Buscando de todas as formas conseguir ajuda para monitorar uma nova pista Maya revela ao seu interlocutor acreditar ser uma predestinada! A que? você pode perguntar, simplesmente seu destino é capturar Osama Bin Laden. “Vários amigos meus tentaram realizar essa missão e morreram. Acredito que fui poupada pra conseguir concretizá-la!” Chegamos próximo ao fundo do poço com esse pieguismo de Maya. O apelo ao sobrenatural, à fé cristã, um dos pilares da América. Caso os outros artifícios tenham falhado em colocar o telespectador do lado da CIA e do governo americano provavelmente com mais essa prova de virtuosismo e busca cega pelo cumprimento do dever da agente Maya, a maioria do público deve estar disposta a aplaudir de pé a superação dessa heroína e a captura do inimigo público numero um da América.
Daí fica fácil prever o final do filme, Maya cumpre a missão, não sem passar por cima de todos os obstáculos que a impediriam de concretizar seu objetivo, inclusive passar por cima da autoridade de seu superior. Essa é uma parte importante do filme. Para boa parte dos CIA a busca por Osama Bin Laden era considerada inútil, pois se o líder terrorista ainda estivesse vivo, estaria incomunicável, ou então inoperante, sem ter condições de comandar e planejar atos terroristas. Assim como consideravam a possibilidade de que Bin Laden estivesse morto. O superiro de Maya representava essa corrente dentro da CIA  e recomendou à agente que concentrasse seus esforços em descobrir quais seriam as próximas ações da Al Qaeda, quais os novos líderes, etc. Sendo uma heróina solitária, imagem tão cara aos americanos, Maya resolve seguir seus instintos, manobra de modo a retirar o superior do seu caminho e conseguir todo o apoio necessário para encontra Bin Laden. Mays se coloca contra todos e mantem o plano original, criado pós 11 de setembro, qual seja, encontrar Bin Laden vivo ou morto. Por motivos de forças maiores Bin Laden foi executado, assassinado por militares americanos e seu corpo convenientemente lançado ao mar, ao menos foi a informação oficial do governo americano.
A Hora Mais Escura, portanto, é mais um filme a engrossar a longa lista de produções de Hollywood que tentam ou conseguem limpar a barra do governo americano pelos atos de desrespeito à humanidade praticados ao redor do mundo e ao longo de sua história enquanto nação.

Para ler a crítica de Andre Barcinski em sua coluna na Folha de São Paulo clicar no link abaixo:
No link abaixo vocês podem ler uma crítica contrária à aqui apresentada. Compartilhamos o link afim de que vocês possam comparar as duas posições.
 
http://www.cinemadetalhado.com.br/2013/01/critica-hora-mais-escura-zero-dark.html

Vamos dançar?

          Ir à Ponte Nova uma vez a cada ano é um ritual que faço há 14 anos. Visitar minha cidade natal tão pouco, fortaleceu os laços de amizade, os laços familiares, gerou a vontade de fazer parte mais uma vez da cidade e sobretudo proporcionou encontros fantásticos! Encontros em que pude fazer novas amizades, criar novos vínculos, ter prazer em estar em Ponte Nova e por mais que tenha uma vida estável em Salvador, ainda me refir àquela cidade como minha casa. 
          2012 certamente foi o ano mais inteso! Dentre os muitos acontecimentos marcantes, conhecer Gu Moraes, camarada fácil de se admirar e querer logo ter como amigo, destaca-se! Davi (o Primavera) e Wesley (o Costa Melo) já haviam me falado que além de gente finissíma, Gu era um guitarrista foda pra caralho e profundo conhecedor da teoria musical. Rapidamente surgiu o interese de vê-lo em ação! A oportunidade apareceu na primeira semana de janeiro de 2013, fiquei empolgado com a oportunidade de ouvir o som de Gu, ainda mais tocando ao lado de Joe na batera e André Dias no baixo. O clima acabou quando recebi a notícia do cancelmanento do show. O local em que aconteceria a apresentação não havia renovado o alvará, voltei para Salvador sem ouvir o som de Gu. 
           Então vejam como são as coisas! Eis que chego em casa depois de dar uma aula, pegar um engarrafamento monstruoso na Paralela, causado por um motoqueiro que resolveu se enfiar embaixo de um caminhão e então, disposto a relaxar, ligo o computador a fim de ouvir um som. Arrasto o álbum Tangerine do Dexter Gordon pro player, entro no facebook e o improvável acontece. Num dos posts de Davi em que estou marcado está um clipe de Gu Moraes! Dei um chega pra lá no Dexter Gordon e apertei o play do vídeo. A surpresa foi maior que a esperada, pois Gu além de ser um instrumentista de primeiro escalão é também um excelente letrista! 
             A letra não podia ser mais rock´n roll! Descreve uma série de situações que representam o fracasso de alguém ou a vida de um perdedor, em que nada dá certo. Essa sequencias de fracaços termina sempre num veemente DANÇOU! decretando a má sorte da pessoa. Já o refrão sugere que levantemos bem alto nossa mão direita com o dedo médio esticado e gritemos um sonoro FODA-SE!!!!!!!!!!!!! pra tudo isso. Ai se revela uma brincadeira interessante feita por Gu; se antes havia usado o termo dançar num sentido negativo, no refrão passa a usá-lo positivamente. Agora vamos dançar pra ignorar as decepções e as frustrações. O convite feito por Gu no refrão da música convida todos a se reunirem para dançar. Essa imagem de todos juntos dançando aviva na minha memória os momentos em que todos nós amigos nos reunimos nas férias passadas em Ponte Nova para construir momentos agradáveis, onde todos nos sentimos ligados e muito a fim de viver! 

                 Infelizmente não consegui postar o vídeo aqui, acessem o clip da música Dançou? clicando no link abaixo. 


domingo, 10 de março de 2013

Projeto Tocando em Frente Edição de Março: Mulheres


            Não consigo ver sentido em dar parabéns às mulheres no dia 8 de março. As pessoas cumprem esse ritual pelo costume de realizá-lo em datas especiais, aniverários são as ocasiões mais comuns, porém o 8 de março não é esse tipo de data especial. As felicitações feitas às mulheres desta maneira mecânica, sem ao menos ter como causa uma reflexão sobre o que uma data destinada às mulheres pode significar, representa a falta de consciência social quanto a posição ainda marginalizada da mulher na sociedade. Assim, fica encoberta a necessidade ainda existente de buscar o reconhecimento de muitos direitos ainda negados às mulheres . O dia 8 de março não é o aniversário de um gênero, não significa a conquista definitiva das mulheres do reconhecimento de sua igualdade civil com os homens. Essa data cumpre um papel mais importante se voltada à lembrar à sociedade, construída desde os primórdios através de uma suposta superioridade masculina, que a diferença de gêneros não significa uma diferença de seres, em que há um ser superior a outro, mas uma diferença presente em um mesmo ser: o ser-humano. 
                   A diferenaça entre homens e mulheres é de gênero, distinção inexistente na esfera civil. Enquanto cidadãos, homens e mulheres em nada são diferentes. Portanto, melhor que um aperto de um abraço mecanico à uma mulher, seria muito mais significativo procurar mostrar às pessoas a importância de alcançar o reconhecimento da igualdade civil entre homens e mulheres.

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                    É neste sentido que acontecerá o no dia 16 de março às 10 horas da manhã o Tocando em Frente, projeto musical realizado pela escola de música Percepção Musical que mensalmente traz para a calçada em frente à escola uma atração artística da nossa cidade. Março, mês que celebra a luta das mulheres por direitos civis igualitários aos dos homens, teremos uma manhã especial na esquina mais famosa de Ponte Nova. Teremos o prazer de ouvir cinco expoentes da música pontenovense, que vai do popular ao clássico, saõ elas Luanna Leel, Letícia Afonso, Jéssica Nunes, Julia Pires e Natália Corcini.
               Essas cinco artistas, nossas conterrâneas, fazem parte de um momento histórico da arte em nossa cidade. Nas conversas com pessoas mais velhas sobre os músicos antigos da cidade, somente nomes masculinos são lembrados. As pouquissímas mulheres cuja vida se fazia através da música, acabaram sufocadas pela supremacia masculina nesse campo artístico. Felizmente os tempos são outros e as artistas pontenovenses, nesse 16 de março representadas pelas artistas acimas mencionadas, equiparam-se aos artistas tanto em quantidade, quanto em qualidade. Essa edição do Tocando em Frente mostra o quão feminino é o som de nossa cidade, conscientiza-nos da presentaça marcante das mulheres na arte pontenovense, lembrando-nos que o tempo das Mulheres de Atenas há muito já se foi.
                      
         
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                      Em dezembro tive o prazer de ouvir Luanna Leel algumas vezes em Ponte Nova e há de se destacar o domínio  completo que possui sobre os recursos músicais dos quais se serve para expressar em sons o que se passa em sua alma. Quebrando as barreiras dos esteriotipos musicais direcionados às mulheres no campo da música, Luana Leel não se limita ao papel de interprete. Compositora talentosa, teve sua música premiada no Festival da Música Ecológica de Ponte Nova, realizado na Praça de Palmeiras no ano de 2012. O fato de ser uma exímia violonista permite-lhe alcançar excelentes resultados ao compôr, já que consegue criar a harmonia e o rítimo necessários às melodias que cria, e também ao cantar. A força de seu timbre vocal preenche bem a música sem sobressair ou ser encoberta pelo som do violão. Consegue dar a pitada certa ao formato voz e violão, sempre acrescentando uma forte presença de palco, o que lhe garante o diferencial que lhe concede o status de artista, num sentido forte, evitando o rótulo de músico de barzinho.
                       Luanna também ministra o curso de Musicalização Infantil na Percepção Musical e estuda música na Universidade Federal de Ouro Preto. 

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                         Letícia Afonso ministra o curso de Canto na Percepção Musical, tendo se graduado em música pela Universidade Federal de Ouro Preto. Muita há a se dizer sobre essa extraordinária artista pontenovense, porém, falta-me conhecimento de causa que permita fazê-lo. Fica aqui firmado o compromisso de entrar em contato com Letícia para ver se ela aceita participar da nossa série Entre-Vistas, e assim fazer jus à sua arte.

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                      Jéssica Nunes estudou na música na Percepção Musical, faz parte de uma nova geração de jovens músicos gestados por esse novo momento cultural pelo qual passa Ponte Nova. Tendo cumprido todas as etapas de sua formação na Percepção Musical, jéssica hoje dedica-se á consolidação de sua carreira nos palcos pontenovenses. Além de cantar e tocar o violão, Jéssica também é compositora.

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                         Julia Pires estuda violão erudito na Universidade Federal de Ouro Preto

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                              Natalia Corcini é professora de violino da Percepção Musical.


                           

sexta-feira, 8 de março de 2013

Sobre Um Lugar No Absurdo




Engraçado, Wesley havia pedido que eu escrevesse um texto sobre o lançamento do livro e publicasse no blog. Pensei em fazer algo pequeno, apenas informativo. Contudo resolvi reler os poemas de Um Lugar no Absurdo e o resultado são seis páginas dividias em quatro partes. Claro que me dei a esse luxo por publicá-lo em meu blog e confesso ter gostado do resultado. O texto que deveria sair no Born To Lose seria composto apenas da primeira parte. Contudo, ler os poemas despertou novas imagens, novos vislumbres e a cada momento em que dava por terminado o texto um novo impulso surgia e me via obrigado a continuar escrevendo.
A riqueza da poesia de Wesley leva a esse movimento constante, presente em sua poesia e que faz com que cada leitura traga novidades consigo. Foi muito difícil tentar falar a vocês sobre a poesia de Wesley. Isso por não ser a reprodução de um estilo de poesia do passado, o qual já conhecemos e já estamos cansados de ver reproduzidos por aí, mas por se tratar da procura, ou da construção do seu traço particular. Falar sobre o novo é uma tarefa difícil, parece que quanto mais se tenta construir uma definição que permita identifica-la, mais elementos surgem exigindo que novos caminhos sejam trilhados a fim de encontrar o ponto final. Quase um trabalho de tentar reter água usando uma peneira.
Muitos anos serão necessários para que consigamos “ouvir” tudo que os poemas de Um Lugar no Absurdo têm a nos dizer, ou talvez isso nunca aconteça. O certo é que temos uma obra prima em nossas mãos.
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O Lançamento
02 de março de 2013, dia de lançamento do livro de poesia Um Lugar no Absurdo, de autoria do poeta pontenovense Wesley Costa Melo. Escrever versos é apenas um dentre os muitos ofícios de Costa Melo, dentre os quais temos ainda compositor, músico, professor, andarilho, fotógrafo e provavelmente outros tantos por nós ainda desconhecidos. O local escolhido para o lançamento do livro é um ambiente propicio à criação, habitat natural das musas, um bar, ponto de encontro frequente dos artistas pontenovenses, o Mistura Fina. A escolha do ambiente já diz muito do que nos espera ao explorarmos as páginas de Um Lugar no Absurdo. Ficamos bem longe da formalidade enfadonha dos palcos de teatro, dos discursos vazios de oradores donos de uma retórica rasa, que só faz os convidados desejarem ter em suas mãos um 38 ou uma bebida bem forte que bote um ponto final ao seu sofrimento. No bar a poesia se fez presente e o lançamento do livro deixou de ser um ritual burocrático e sem vida, sendo uma comemoração intensa, realizada ao som dos versos de Um Lugar no Absurdo e ao sabor dos petiscos e bebidas que só um bar pode oferecer. O ritual de lançamento foi mais acolhedor por ter aberto mão da formalidade que só afasta o escritor, o poeta, dos seus leitores.
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O Absurdo
Há muitas semanas o lançamento vinha sendo divulgado via redes sociais. Abaixo dos posts que faziam a divulgação, comentários pareciam se incomodar diante do título: Um Lugar no Absurdo. Entre os muitos que li, chamou-me atenção o seguinte: “O que é isso meu amigo, não há nada de absurdo, seu livro é muito bom!” Engraçado, mas temos aversão a certas palavras, talvez por uma herança cultural extremamente racionalista, moldadas por um idealismo alimentado pelo cristianismo, que aponta como positivo (bom) aquilo que faz sentido, que tem um objetivo, que revela um desígnio, enquanto o contrário, a falta de sentido, o acaso, são vistos como negativos (maus). Claro que esse sentido orienta-se por essa visão racional-idealista-cristã. Por essa constituição moral da nossa sociedade recebemos desde a infância, através da nossa família, dos nossos professores na escola, dos programas de tv, uma concepção de um mundo constituída, anterior à nossa existência, cujos valores já estão prontos e um caminho para nossas vidas já está estabelecido. Bom, sendo assim, onde está o absurdo? Havendo um desígnio para nossas existências, se já recebemos prontinho um sentido pra nossas vidas, como pode alguém conceber o absurdo?
O absurdo surge no momento em que esses sentidos pré-fabricados, os quais configuram nossa moral, escolhas etc, não satisfazem nossa vontade, nosso desejo mais particular, ou seja, quando percebemos que acolher tais “sentidos” consiste em acolher o absurdo. O sentido deve ser construído por cada um. O significado na nossa existência passa a se construir no momento em que passamos a viver, a conhecer melhor a nós mesmos e a cada instante construir o sentido para e pelo qual estamos vivos. Um Lugar no Absurdo é a descoberta de Costa Melo do absurdo da existência, mas também a construção de um sentido que não termina com o último verso do último poema do livro. A poesia de Costa Mela é uma obra em aberto.
Por isso sou levado a dizer que a autora do post não compreendeu a imagem para a qual aponta o título. Lendo os poemas que compõem Um Lugar no Absurdo, percebe-se que as emoções, reflexões, inspirações que motivaram Costa Melo a escrevê-los, foram provocadas por um lugar específico, no qual viveu experiências específicas. Contudo, os grandes artistas, mesmo que instintivamente, rompem as fronteiras do espaço-tempo, universalizando sua arte. Ao falar de si, de sua terra natal, Ponte Nova, de sua relação com a cidade e as pessoas que nela vivem, Costa Melo alcança o nível da universalidade. Suas questões, suas emoções, passam a ser de todos os seres humanos, independente de quando e onde tenham nascido. Nesse sentido o livro pode ser chamado de obra de arte, pois, é um livro que fala para todos os seres humanos.
Calro que à nós pontenovenses, esses poemas tem um sabor mais forte, pois, embora tratem das emoções e experiências de  Costa Melo, são também um pouco as nossas, pois compartilhamos e vivemos com ele o mesmo tempo e lugar. Em alguns casos me atrevo a dizer, compartilhamos as mesmas aflições! Ponte Nova faz-nos íntimos! Ponte Nova é esse lugar no Absurdo, escrito com letra maiúscula por se tratar da existência, que torna-se absurda quando perde seu sentido, ou melhor, quando se descobre que nunca houve sentido. Isso por só haver sentido quando este é construído e não recebido.
 Os poemas de Costa Melo tentam encontrar um sentido numa terra cuja trajetória histórica está repleta de acontecimentos contraditórios do ponto de vista da vida humana. Há eventos que tornam a existência um absurdo. A história de Ponte Nova começa com a chegada do invasor branco, munido de cruzes e armas de fogo para construir as primeiras fazendas e vilas da região ao custo da vida de milhares de indígenas, passando pela exploração da força de trabalho dos negros, escravizados afim de extrair o açúcar da cana, até a decadência econômica da Princesinha da Zona da Mata, quando os senhores dos engenhos encontraram a falência, originando as gerações posteriores de uma elite que viveria do passado de glória de seus ancestrais da casa grande, que por todo século XX e primeira década do século XXI, ainda viviam a ilusão de serem os escolhidos, a casta superior, ilusão gerada pelo sobrenomes dos antigos senhores de engenho; que a menos de um ano atrás detinham o poder político de nossa Ponte Nova.
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A poesia de Um Lugar no Absurdo

Toda essa história política, econômica e social está presente nos versos de Costa Melo. Esse pontenovense atormentado por essa antiga questão que envolve as relações humanas, muito bem elaborada pelo filósofo francês Etiene La Boetie, que não consegue compreender como milhões de oprimidos concedem a um único homem, ou a uma família ou a um conjunto de empresários ou políticos o poder de explorá-los. Daí o alcance universal da poesia de Costa Melo, a exploração do ser humano pelo ser humano, expressa através da luta entre opressores e oprimidos. A opressão só dá sentido à vida do opressor, esvaziando o sentido da vida do oprimido, que acaba por anulá-la em um cotidiano enfadonho de resignação. Um Lugar no Absurdo cumpre essa função de transmitir esse sinal gerado a partir de Ponte Nova. A constatação de haver um absurdo presente em nossas vidas pontenovenses.
Após ler os poemas de Um Lugar no Absurdo pude enxergar uma alma atormentada pelo Absurdo, dessa existência sem sentido e do porque insistir em dar um sentido à existência em Ponte Nova, fazer com que deixe de ser um lugar no absurdo ou ainda um lugar de absurdos. Tantos outros, como esse que vos escreve, preferiram abandonar o barco e buscar um sentido para a própria existência em outras paragens. Está aí a força dos versos de Costa Melo, a força de sua arte, daquele habitante que não se contenta em carregar sua terra natal dentro de si, pois quer mais, quer ser parte dela e talvez queira ainda mais, quer que todos os pontenovenses se sintam assim. O absurdo de ser pontenovense e viver em uma terra de acontecimentos escabrosos, muitas vezes ligados ao modo como a elite constrói o imaginário coletivo do povo fez com que Costa Melo lutasse por imprimir um novo sentido para si, para sua cidade e compartilhar com seus conterrâneos pontenovenses através de seus versos.

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Delírios febris de Um Lugar no Absurdo

Primeiro delírio
Na verdade eu tenho outra teoria sobre esse livro. Talvez tudo que eu tenha dito sobre ele até aqui, sobre os objetivos de Costa Melo em encontrar um sentido e expulsar o absurdo da existência mostrem minha incompreensão sobre sua poesia. Talvez essa minha leitura revele apenas quão cartesiano sou eu, que busco entender o que não pode ser compreendido, ou aquilo que não deve ser entendido, apenas vivenciado, pois corremos o risco de retirar-lhe todo seu poder narcótico. Talvez o que Costa Melo quer com seus versos é nos jogar no absurdo, roubar nossa razão, jogar um véu sobre o mundo e nos devolver o olhar inocente que ainda está por descobrir o mundo, pois a sensação de descobrir algo mundo nos revigora, nos faz sentir mais vivos! Talvez esteja apontando para a necessidade do delírio, de perdemos o controle e deixar que o fluxo da vida nos jogue de um lado para o outro. Talvez esta querendo dizer que devemos perder a cabeça de vez em quando, ou talvez, seja só mais uma forma de ser afetado por seus versos.
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Segundo Delírio
Geralmente temas políticos são difíceis de ser tratados em versos, acaba-se na maior parte das tentativas sendo direto, argumentativo, expulsando a poesia das palavras. Costa Melo consegue construir versos cujo ritmo constante dos versos associado às metáforas bem elaboradas produzem o efeito estético necessário à sedução do leitor, que ao mesmo tempo percebe o teor político por detrás desse artifício poético. Cito alguns desses poemas: Aos Esquecidos e 1755.  
O seguinte trecho do poema 1755 talvez ajude a entender o que tento dizer:

Das veias da caiana até os tonéis de umburana
Sobre um ourives Rio de história uma Ponte Nova envelhece
Muda, escuta de si mesmo
A voz do povo  sofrer um gemido gentílico 

Estes versos nos ensinam sobre nossa história de uma forma dura, sem qualquer anestésico. Costa Melo abre mão do carinho hipócrita do romantismo, que cobre de glória uma realidade de sangue e dor. A identidade poética, a originalidade da poesia de Costa Melo estão em não se servir dos recursos poéticos de modo a encobrir a aspereza da realidade de nossa história, totalmente desprovida de qualquer glória, sendo mesmo ultrajante e em muitos aspectos vergonhosa. Ao contrário, Costa Melo lança a luz mais intensa sobre esse absurdo, produzindo um efeito poético sutil, mas que garante à sua poesia toda vibração artística de que necessita. São versos que desconstroem essa visão gloriosa de nossa história tal qual está representada em nossa bandeira, onde um índio e um bandeirante dividem pacificamente o mesmo quadro. Essa imagem romântica em que opressor e oprimido são colocados como iguais é abjeta e deve ser rejeitada a todo custo. Vêm-me à mente agora os seguintes versos do poema Aos Esquecidos:


Escravos das ruínas de Santa Helena
Botocudos da fé de Cristo
De suor e calo
O café
Na borra das memórias
Escravizam meus antepassados em colheitas de aniversário esquecido

O bagaço da cana é sangue é foice e facão
Meu povo retalhado na excomunhão da lavoura sem o doce sem o mel
Somente o meu povo, na excomunhão da lavoura

Arde o peito
Quem é gente sente que é bicho domável de humano

Esses versos me levam a uma analogia estranha. Esses dois poemas geram imagens interessantes, duras, secas, ásperas, terríveis até. Contem um excesso de realidade que espanta! Lembram-me dos mestres do neorrealismo italiano e seus filmes mais neorrealistas: Vitorio de Sicca com seu Ladrões de Bicicleta,  Roberto Rosselini  com Roma Cidade Aberta e Luchino Visconti  com A Terra Treme. Esses dois poemas de Costa Melo produzem imagens como aquelas presentes nos filmes desses mestres do cinema neorrealista italiano! São poemas neorrealistas, sem dúvida. Certamente esses versos tem o mesmo poder de Ladrões de Bicicleta e A Terra Treme, devido aos contornos fortes dados à condição humana, o conflito que se resume a sobrevivência dentro de uma sociedade opressora, que produz histórias, imagens e acontecimentos dolorosos. Não há como conter as lágrimas diante dessas revelações!
Vivemos um momento em que precisamos disso, renovação, arejar nossos sentidos estéticos. Precisamos de poetas como Costa Melo para acabar com o rotulo de poeta como aquele indivíduo que faz versinhos românticos, bonitinhos, ocos, meros adornos da linguagem. Essa coisa pra saraus, que não passa de mais do mesmo, feita pra se recitar nos aniversários de famílias e festas de casamento. Resinificar o conceito de poeta, este não pode mais ser concebido como aquele capaz de dizer coisas bonitas e agradáveis. Esse me desculpem os cristãos, merece sentir a fúria do chicote romano.  
Por quebrar esse estereótipo, por trazer à nós leitores versos jovens e cheios de vida, eu celebro esse livro Um Lugar no Absurdo! Há muito mais a dizer sobre esse livro, deixarei pra outro momento, pois o impulso por ele ativado já se estendeu demais.